O partido tinha sugerido contratar Adalberto para ser o cérebro de sua campanha, diziam que era um dos melhores marqueteiros do Brasil. Sabia, portanto, que discutir com ele era um caso perdido. O Mito entendia de destruir muros, desviar de balas e subir nos morros, Adalberto era o perito em fazer política. Inconscientemente, o ex-vigilante passou a mão sobre a perna machucada. De que adiantava ter uma força sobre-humana se nunca mais poderia correr ou saltar? A verdade era que se perdesse aquela eleição, acabaria sem dinheiro e em um asilo para inválidos.
O que você curte nos super-heróis?
Sempre fui encantada por super-heróis, até hoje permaneço consumidora voraz de histórias em quadrinhos do gênero. Quem nunca desejou ter um super-poder, voar pelo céu ou elevar montanhas com as mãos? O que mais me fascina, porém, é o fato de que, apesar de focar elementos fantásticos, o gênero dos super-heróis também trabalha problemas e dificuldades que nós enfrentamos no nosso dia a dia. Aceitação do novo ou do diferente, preconceito, qual nosso lugar no mundo. Esses são apenas alguns exemplos de que podemos abordar o incrível, sem esquecer daquilo que nos move no mundo real.
Como foi escrever para uma coletânea sobre super-heróis, mas tendo essa questão da identificação luso-brasileira?
Acredito que temos material de sobra para fazer ótimas histórias de super-heróis. A identificação luso-brasileira só vem enriquecer o gênero, trazer um ar novo a um tema que já sofre uma certa saturação no grande mercado americano.
Das ideias que você poderia ter, por que o Mito?
A ideia surgiu ano passado quando comentava com amigos como tantos ex-jogadores de futebol e artistas candidatavam-se a cargos políticos. Então, parei e me perguntei como seria se um super-herói aposentado tomasse o mesmo caminho. Será que ele encontraria dificuldades entrando nesse mundo tão controverso? Como reagiria? Achei que era um tema interessante e decidi investir nele.
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