[Pedro] Resolvera viajar sozinho: gostava de ter um pouco de sossego, longe do bulício da vila e dos gritos e resmungos que se ouviam nas ruas. Preferia ouvir as aves, ver e ouvir as ondas do mar a baterem nas rochas ou na trigueira e fina areia, arrastando-a num vaivém frenético, imparável, interminável. Foi com este estado de espírito que viajou para lá do pico do Castelo, até alcançar a longínqua praia. A sua praia. Nesta pequena enseada, cuja areia só ficava visível pela maré-baixa, estava isolado e ao abrigo dos olhares indiscretos dos pastores e dos agricultores que madrugavam, na realização das suas atividades. Como grande parte dos jovens desta ilha de Porto Santo, também o intrépido ferreiro sabia mergulhar habilmente nas ondas que banhavam a praia. Mas, Pedro tinha um segredo, que não compartilhava com ninguém (…)
O que você curte nos super-heróis?
Os superpoderes, é claro! E, também, a forma como gerem esses superpoderes e como interagem com as outras pessoas.
Como foi escrever para uma coletânea sobre super-heróis, mas tendo essa questão da identificação luso-brasileira?
Foi muito bom. A questão da identificação luso-brasileira funcionou bem e não senti quaisquer restrições na construção do personagem. Tentei fazer algo diferente: Ambientei o conto à idade média, mais propriamente ao ano de 1617, e o cenário é o da ilha de Porto Santo (arquipélago da Madeira), que atualmente é um local de grande atração turística, mas naqueles longínquos tempos era um local muito duro para (sobre)viver. Apesar de o meu herói ser pautado na ficção, a narrativa baseia-se em acontecimentos reais. Inclusive, o amigo do «meu» super-herói, um jovem sargento-mor de nome “João de Viveiros”, existiu mesmo.
Das ideias que você poderia ter, por que o Pedro, o ferreiro?
Procurei encontrar um super-herói 100% humano, que se identificasse com os seus conterrâneos nas emoções, nas alegrias, nas tristezas, nas lutas, nas provações, nos trabalhos do dia a dia…
Tentei evitar “clichês” na descrição do super-herói e dos seus superpoderes. O meu super-herói não usa nenhum uniforme, nem sequer tem uma identidade secreta. É simplesmente um ferreiro de quinze anos (à época, um adulto!), que (quando necessário e sem alarido) usa os seus superpoderes para defender e socorrer a sua aldeia e os seus vizinhos.
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